O primeiro simpósio do re:arc institute em São Paulo propõe uma experiência de investigação sobre valores, práticas e modos de pensar que expressam e cuidam das interconexões de toda a vida, a partir do conceito de arquiteturas do bem-estar planetário.
Sobre o Encontro
Nossa série de encontros ao vivo, pensados para cada contexto, reúne pontos de vista interculturais e interdisciplinares com o intuito de expandir o discurso e a prática, além de estimular o diálogo aberto e p aprendizado mútuo. As edições anteriores do simpósio aconteceram em Bogotá (Colômbia) e Londres (Reino Unido).
Neste ano, o encontro arquiteturas do bem-estar planetário será acolhido pelo Teat(r)o Oficina, marco cultural fundado em 1958 no bairro do Bixiga, em São Paulo, reconhecido por sua importância na história do teatro experimental e das artes performativas. Sua concepção arquitetônica original já expressava a intenção de “colaborar” com os acontecimentos que ali se dariam, ampliando o potencial revolucionário da experiência. O Teat(r)o Oficina foi tombado em 1981 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT).
Ao longo de dois dias, em três atos, o encontro reunirá artistas, pesquisadores e agentes culturais para compartilhar saberes por meio de palestras, apresentações, performances e rodas de conversa. As pessoas convidadas trazem experiências ligadas à coletividade, ecologia, território, design e arquitetura, oferecendo perspectivas que dialogam com a história do espaço e suas interseções entre performance e imaginação revolucionária.
O programa percorrerá práticas espaciais a partir das lentes da reparação e do envolvimento, além de propor uma reorientação da temporalidade com que percebemos e criamos o ambiente construído. As presenças e perspectivas dos participantes entram em diálogo profundo com o espaço, potencializando suas interseções entre performance e imaginação revolucionária.
Durante dois dias, em três atos, artistas, pesquisadores e agentes culturais se reunirão para compartilhar seus saberes em palestras, apresentações, performances e rodas de conversa. Cada ato requer ingresso separado. Inscreva-se em um, dois ou nos três! Confira abaixo mais detalhes sobre o fim de semana.
19 Setembro
ATO I
17:00–23:00
CONVERSA
Em Diálogo com a Terra: Ailton Krenak e Paulo Tavares em Conversa
Nesta conversa, o pensamento do autor, filósofo e ativista indígena Ailton Krenak sobre uma consciência ambiental global se encontra com a proposta do arquiteto, educador e autor Paulo Tavares em torno da arquitetura da reparação. Krenak nos convida a abandonar as tentativas desesperadas de sustentar um sistema corrosivo e seus modos de vida associados à produção compulsória, para, em vez disso, enfrentar a finitude tanto dos recursos da Terra quanto de nós mesmos. Em diálogo, os dois pensadores abrem caminhos para imaginar futuros para os espaços que habitamos, partindo da percepção coletiva de que não estamos em dívida com a natureza, mas fazemos parte dela.

Ailton Krenak

Paulo Tavares
PERFORMANCE
Teat(r)o de Mutirão: Ação Coral: ritos de possessão e transformação
by Associação Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona
Teat(r)o de Mutirão é uma performance-ritual que ativa os espaços arquitetônicos e simbólicos do Teat(r)o Oficina através de uma ação coral: um encontro de vozes, gestos e presenças que juntos incorporam os pontos vitais do Terreyro Eletrôniko. A performance cruza da rua para o parque em uma passagem coletiva, convidando o público a percorrer um rito aberto, onde as tecnologias do teatro são experimentadas e o espaço é nutrido por canções, refeições compartilhadas, resistência e celebração. Com base em canções do repertório do teatro ao longo de seus sessenta e sete anos de história, cada uma é escolhida para ativar tanto infraestruturas pré-existentes quanto recém-criadas dentro e ao redor do edifício.

Associação Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona
CONVERSA
Reflexões sobre Arquitetura da Reparação com Ana Flávia Magalhães Pinto & Paulo Tavares
Paulo Tavares e a historiadora Ana Flávia Magalhães Pinto se reúnem para discutir possibilidades da arquitetura da reparação—uma forma de engajamento em que a ação se fundamenta na reparação, recuperação e restauração—no contexto da memória coletiva, do patrimônio e do arquivo. A conversa abordará como práticas espaciais e de ambiente construído podem se situar historicamente, socialmente e culturalmente de maneiras que revelem de forma proativa as injustiças que moldaram os mundos que habitamos, bem como nossa relação contínua com o meio ambiente.

Ana Flávia Magalhães Pinto

Paulo Tavares
20 Setembro
ATO II
10:00–14:00
PAUSA
Café da Manhã
FALA
Espacialidade e Tempo Espiral: Fala de Abertura com Leda Maria Martins
A poeta, escritora e teórica Leda Maria Martins abre o segundo dia com uma fala que propõe novas noções de espacialidade e examina como diferentes temporalidades podem orientar nossa relação com as práticas espaciais. Sua reflexão se apoia em décadas de investigação sobre o tempo espiralar e no potencial das temporalidades ancestrais para resistir às estruturas coloniais da cronologia.

Leda Maria Martins
MESA REDONDA
Temporalidades e Práticas Espaciais: Mesa Redonda
Com Leda Maria Martins, Mãe Celina de Xangô, Rose Afefé e Maya Quilolo
Moderada por Gabriela de Matos e Audrey Carolini, do Instituto Cambará
Quais temporalidades conseguimos imaginar além do tempo linear ou voltado para o futuro? Nesta mesa redonda, refletiremos sobre os potenciais transformadores das perspectivas ampliadas sobre o tempo. As participantes abordarão as dimensões éticas, culturais e corporificadas do espaço, da arquitetura e da vida comunitária, propondo abordagens que coloquem no centro a ancestralidade, a memória, o ritual e as relações.

Leda Maria Martins

Mãe Celina de Xangô

Rose Afefé

Maya Quilolo

Gabriela de Matos

Audrey Carolini
PAUSA
Almoço
ATO III
16:00–20:00
PERFORMANCE
Amaro Freitas Y’Y
O encontro será encerrado com a performance do renomado pianista de jazz recifense Amaro Freitas, celebrado por se inspirar em tradições ancestrais e em conexões profundas para criar um som dinâmico e decolonial. Esta apresentação destaca seu álbum de 2024, Y’Y, que oferece percussões polirrítmicas capazes de transformar e expandir o gênero por meio de heranças sonoras amazônicas, promovendo uma relação mais ativa com os legados indígenas e com a Terra.

Amaro Freitas
MESA REDONDA
Envolvimentos: Mesa Redonda com Tainá de Paula, Jerá Guarani e Maria Alice Pereira da Silva
Moderada por Marcella Arruda
Quais práticas espaciais ainda resistem simplesmente por existir diante de sucessivos colapsos climáticos, econômicos, políticos e sociais ligados ao paradigma do desenvolvimento (des-envolvimento)? Como a ideia de envolvimento—proposta pelos pensadores indígenas e quilombolas Ailton Krenak e Nêgo Bispo—pode orientar essas práticas? Nesta conversa, conduzida pela arquiteta, urbanista e pesquisadora Marcella Arruda, será discutido como a arquitetura pode atuar como um dispositivo de envolvimento com o território, assim como com práticas que conectam territórios, tempo e corpo.

Tainá de Paula

Jerá Guarani

Maria Alice Pereira da Silva

Marcella Arruda
APRESENTAÇÃO
Perspectivas sobre Prática: com Sem Muros, Palmares Laboratório-Ação, RUÍNA Arquitetura e Grupo ][ Fresta
Quatro práticas de arquitetura, design e organização farão breves apresentações sobre seus valores e metodologias em relação ao bem-viver planetário. Suas contribuições partem da ideia de envolvimento como atos interespécies de transformação coletiva, e da filosofia que prioriza o processo e as relações.

Sem Muros

Palmares Laboratório-Ação

RUÍNA Arquitetura
![Grupo ][ Fresta](https://cdn.sanity.io/images/1fvtf86d/production/04ecd0170494727446a38df536946035dd801587-1080x1080.png)
Grupo ][ Fresta
FALA
Empoderamento: Fala de Encerramento com Joice Berth
A autora, teórica e curadora feminista Joice Berth encerrará o terceiro ato expandindo suas reflexões sobre empoderamento, reposicionando esse conceito hiperindividual como uma transformação necessariamente coletiva. Suas abordagens sobre relacionalidades estruturais e o direito ao espaço urbano são moldadas por sua formação em arquitetura e urbanismo, e investigam como a ação interseccional e coletiva pode influenciar o espaço urbano.

Joice Berth
